quarta-feira, 31 de março de 2010

Um amor cachorro..



Hoje eu descobri que quero um amor cachorro. Sim, porque de amores gatos, o mundo já está cheio. Gatos são auto-suficientes. Sempre - ou quase sempre - querem algo em troca. Gatos, só vêm quando precisam de algo seu. São carinhosos, deitam no seu colo.. e assim que recebem o que querem, levantam o rabinho e partem para a vida solitária.

Hoje descobri que procuro um amor cachorro, e não papagaio. O mundo, a tv, e os vizinhos já falam demais. Hoje eu entendi que as vezes é necessário se manter em silêncio. E palavras faladas demais, perdem o valor e o sentido. Entendi que de nada adianta o falar da boca, se no fundo do peito, o coração continuar vazio.

Hoje eu percebi que quero um amor cachorro, e não um amor galo. (p/ não dizer "galinha"). Afinal, do que adianta um amor pomposo, cheio de poses e aparências, se tudo o que ele faz, é desfilar no galinheiro, 'pegando' todas as galinhas? O amor galo precisa perceber que mais difícil do que conquistar o mundo (galinheiro), é conquistar a sí próprio, e manter conquistado um único outro alguém, durante a vida inteira.

Hoje, eu percebi que não quero um amor pingüim.. Amor pingüim é eterno, perfeito demais.. Tão imaginário, que acaba se tornando irreal. O amor de pingüim é do tipo platônico, e eu, quero um amor bastante real.. Com tudo o que tiver direito, inclusive defeitos, lágrimas, erros, qualidades, sorrisos e perdão..

Hoje eu descobri que preciso de um amor cachorro. Daqueles, tipo pastor alemão, sabe? Companheiro fiel pra vida toda. Que pule comigo, comemorando cada vitória alcançada.. mas que também seja perspicaz o suficiente para perceber a minha tristeza.. E quando assim estiver, chegue de mansinho ao meu lado, deite no meu colo, e com o olhar puro e sereno que só os cachorros conseguem ter, me prometa num silêncio profundo que vai ficar tudo bem.

O meu medo agora, é descobrir que preciso mesmo, é de um cachorro de verdade...

domingo, 21 de março de 2010

Surpresas, promessas e lembranças.



É incrível como o tempo passa, as feridas cicatrizam, mas nunca deixam de ser lembradas.
Ainda que percam a sensibilidade, se tornando ao menos, não dolorosas, marcam a carne profundamente, mostrando a todos que algo intenso, as vezes conhecido apenas pelo portador de tal arte sombria, foi sofrido.
É incrível como assim como o corpo, a mente jamais esquece certos momentos, situações, palavras, atos, cores, cheiros, texturas.. promessas... Feitas num instante, e que num outro, pouco mais a frente, se tornam tão absurdas, quanto impossíveis.
É incrível que ainda assim, um neurônio voluntáriamente por nós atrofiado, insista em dar sinal de vida, emitindo uma sinapse que logo faz o cérebro e o corpo inteiro conectarem-se ao sistema límbico, e relembrar em frações de segundos, ANOS.
É incrível descobrir a capacidade que temos de lembrar os mínimos detalhes, que nem mesmo tínhamos percebido outrora a dimensão de suas importâncias.
Mais incrível ainda é, mesmo relembrando memórias ruins, que fazem o coração sentir a mesma dor que sentiu a tanto tempo, conseguir sobrepor à mente, memórias boas, fazendo repousar em paz, um difunto ainda vivo, que por nossa própria vontade, decidimos enterrar.
E assim, segue a vida, cada um no seu rumo, com suas memórias, seus flashs, e seus destinos. Desligando novamente, mais uma vez, e quantas outras forem preciso, esse neurôniozinho teimoso que insiste em disparar.
E nessa aventura imprevisível, repleta de mudanças imprevisíveis, eu, prefiro permanecer calada. Fazendo das promessas que me foram feitas, brincadeiras de uma criança que não soube o que falava. E aprendendo que se me é dada a oportunidade de prometer algo que não tenho 100% de certeza que poderei cumprir, é SEMPRE melhor permanecer calada.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ela, um amor. Ele, um sorriso. Os dois, a felicidade.



Ela queria se formar, ser alguém. Ele, curtir a vida. Ela ouvia música clássica. Ele, sertanejo. Ela fazia medicina. Ele, egenharia civil. Ela gostava de cachorros. Ele, de gatos. Ela era caseira. Ele, adorava "ruar". Ela, gostava de escrever. Ele, de cantar. Ela preferia caminhonetes. Ele, carros esportivos. Ela, sonhava em morar em São Paulo. Ele, no Rio. Ela, queria um casamento. Ele, uma aventura amorosa.

No final das contas, se conheceram por ironia do destino, quando o namoro do irmão DELA, com a irmã DELE, não deu certo.

Assim, seguindo a velha regra dos opostos, se atraíram de maneira sobrenatural...

Ela, se formou, e é uma excelente médica. Constrói órgãos artificiais. Ele, curte a vida construindo casas, prédios... Ela, aprendeu a ouvir sertanejo. Ele, a gostar de música clássica. Juntos, escutam bossa-nova. Compraram um labrador marrom, um gato persa, e ainda ganharam um hamster. Eles compraram a caminhonete, esportiva, e um carro esporte, grande. Ela, continua escrevendo, e ele, cantando. Só que agora, ele canta o que ela escreve. E ela escreve coisas para ele. Ela, passa a semana trabalhando, e ele também. No final de semana, saem no sábado, e namoram em casa no domingo. Ah, e moram em Curitiba. Mas têm um apartamento em SP, e uma casa com vista pra praia de São Conrado no Rio. Eles? Casaram. E descobriram que juntos, assim, nessa mistura louca da vida, conseguiram tudo o que queriam e muito mais. Conseguiram o mundo, e mais do que isso. Conseguiram na imensidão do mundo, encontrar um ao outro, e só. A sós, se descobrem de pouquinho em pouquinho a cada dia, escrevendo juntos cada capítulo da eterna aventura que decidiram protagonizar. A aventura de amar e ser amado, apesar de tudo. A aventura de viver, e descobrir que a vida é mais feliz, quando se vive acompanhado. E no caso deles, muito, muito bem acompanhados.