quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

TEMPESTADE.


A janela está aberta e lá fora a chuva cai. O céu está nublado, e o silêncio só se quebra com os gritos do trovão.
Nenhum movimento é percebido, a casa está vazia.
O tocar da chuva nas telhas é a única melodia.
Ou o sussurrar do vento entrando pelas frestas da porta que insiste em se manter semi-aberta.
A solidão toma conta. Os pensamentos voltam, entram de mansinho assim como o vento.
Papéis voam de cima da mesa. Tantos planos, idéias, agora misturadas e jogadas ao chão.
Raiva, solidão, angústia.
A porta é o limite. Mas lá fora a chuva cai.
Angústia, insegurança, inquietação.
De repente, assim como a brasa pipocando na lareira, o sentimento explode. A busca pela liberdade passa através do sangue para cada pedacinho do corpo frio.
Abre a porta, desce as escadas, correndo, de camisola, cabelos soltos, pés descalços.
A chuva continua a cair, mas não importa mais.
Adrenalina, taquicardia, decisão.
Cada gota que cai em seu rosto, leva junto uma lágrima recém escorrida.
Os pingos fortes molham o cabelo, a pele.
Aos poucos, está inteiramente entregue aquela magia, fascinação.
A chuva escorre pelo seu corpo, até chegar ao chão.
Leva com ela toda insegurança, angústia, solidão.
O vento sopra, arrepia. O frio é sublime.
Os dedos trêmulos descobrem os cabelos do rosto, lavado pela chuva e lágrimas. Água de fora, água de dentro, águas do coração.
Os sentimentos deslizando ao chão.
Abaixa-se, e vê seu reflexo na poça transparente, perturbada pela chuva.
Renovação.
Inesperadamente, ELE chega. Trazendo consigo, consolação.
Um abraço caloroso, um sorriso, tentação.
Nos seus braços, em seus abraços, paz, segurança, compreensão..
Carrega no colo, e leva de volta para casa.
Lá, acende a lareira, traz um cobertor quentinho, e um doce capuccino.
Nenhuma palavra é dita. Para quê?
Os gestos e os olhares são mais que suficientes.
Juntos, a beira da lareira, dormem tranqüilos, enfim.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Talvez sua solidão não seja extinta apenas com a presença de outra pessoa ao seu lado...
    Talvez a liberdade que você tanto anseia não venha através de atos e sim do confronto de você no espelho...no caso espelho d´água.
    Ser livre é antes de tudo se reinventar...
    Ser livre é antes de tudo romper consigo mesmo...
    E no final das contas, somos todos..todos..apenas lágrimas na chuva.
    Senti seu texto.

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