
"[...]Já fui daquelas que acredita em príncipe encantado. Mesmo. Daqueles tipo Disney.. loiro de olhos azuis, que aparecem montados num cavalo branco.. No seu extremo cavalheirismo, realiza todos os desejos da princesa e a faz conhecer um mundo encantado. Mas cresci..
Então, entrei na fase de acreditar que o amor era uma aventura.. Uma amizade louca, escondida... Daqueles de colégio, sabe? Contava os minutos pra chegar o intervalo, fugia dos preceptores.. Sorria boba, desenhando coraçõezinhos no canto do papel.. Chorava sozinha com medo de perde-lo.. Mas cresci.
Então cheguei a pensar que o amor não existia, de fato. Existia a paixão.. que se renovava a cada dia. Aquilo pra mim passou a ser o amor. Os desejos a flor da pele.. sonhos, brincadeiras, loucuras.. Corpo a corpo... aquilo sim, era o amor. Mas cresci.
Depois de tantas fases, enfim descobri: O amor não existe. É tudo um grande jogo de interesses. Um ama mais, o outro, se adapta. Troca-se carinho por status. Beijos por companhia. Abraços por lazer..
Mas essa fase era muito egoísta.. e algo me dizia que o amor não poderia ser assim. Decidi então viver sozinha, até que o verdadeiro amor realmente aparecesse dentro de mim.
Foi quando descobri que o amor pode doer muito. Não menos do que repentinamente, entrou na minha vida, arrombando todas as portas, cadeados e travas de segurança que eu outrora havia colocado. Arrancou meus pés do chão e me fez voar bem alto. Era o auge da felicidade! E quando eu estava no mais alto do meu sentimento.. Cortou-me as asas e me fez cair brutalmente no chão. Era, definitivamente, a morte do amor.
Passei muito tempo vazia. Sem sentir. Nem amor, nem desamor. Nem paixão, nem ódio. Simplesmente indiferente. Com qualquer coisa que viesse do coração. Vivi anos guiada somente pela mente. Quase que no piloto automático.. Dia após dia, sempre na mesma rotina..
Até que.. Cresci.
E hoje, estou descobrindo que o amor é uma mistura de todas essas fases. Um pouquinho de cada. Amor é sorrir, mas também chorar. É derramar lágrimas de felicidade, mas também de tristeza, de saudade. Amar, é sentir ciúmes e, por amor, controla-lo. É confiar. É contar a verdade.. mas muito mais do que isso. É também contar as horas.. É contar os dias, os minutos.. Amor é conversa, boca a boca, e por que não boca-na-boca? É paixão, mas também maturidade. É querer estar perto, mas entender que as vezes é preciso ficar só. Amar, é entender que a vida a dois é mais bonita.. Mas respeitar a individualidade de cada um. Amor é carinho, é sexo, é amizade. Amor, é cumplicidade. É ver defeitos, mas valorizar as qualidades. É um misto de alegria e agonia, que morre e renasce, se renova e se completa, a cada dia, dentro de quem tem paciência e coragem.. de quem persevera e espera, até encontrar um amor assim. Um sentimento tão concreto, de conceito tão vago.. que aumenta e aumenta.. define e se redefine dentro de mim."
-H.B , 04/03/01 - 17:45