terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mônica, a Razão, a Emoção e a Vida.




Mônica..
Desde pequena, tão meiga, doce...e questionadora. Sempre vivendo na corda bamba entre a Razão e a Emoção. Suas duas amigas, inimigas entre sí por natureza. Em seus primeiros 15 anos de vida, a Dona Emoção tinha a sua guarda. Criou e educou Mônica com um coração lindo, branco, puro e inocente. De tão delicado, chegava a se tornar extremamente frágil, volátil.. e foi então que a Senhora Vida resolveu começar um novo capítulo na história de Mônica. Vida sempre foi estrategista. Colocou e tirou muitas pessoas na estrada de Mônica. E Vida foi uma professora um tanto quanto cruel. Rígida, não mediu as lágrimas de Mônica ao ensinar, da maneira mais dolorosa possível, grandes lições. Sempre prezou pela verdade absoluta.. e mostrou à Mônica as consequências de ouvir e seguir tudo o que Emoção mandava. Diante de tamanho choque, Mônica encontrou um novo refúgio. A Senhora Razão. Tudo era muito lógico com ela. Previsível. Não haviam surpresas. Nem boas, nem tristes. Não havia insegurança, angústia, ansiedade. Tudo era perfeitamente calculável, e sempre dava certo. Ou se não, a Razão sempre vinha de braços abertos para presentear Mônica com "acredite-vai-ser-bem-melhor-assim". Desse presente, Mônica já fazia coleção. Mas, no coração de Mônica, Emoção deixou muitas marcas.. Boas, outras bastante ruins. Por mais que Vida falasse.. a lembrança de se sentir leve, como só Emoção sabia fazer.. aumentava a saudade no coração de Mônica. O frio na barriga ao ouvir tantas e tantas outras histórias de outros que resolveram segui-la, acabou afastando Mônica da Razão mais uma vez. E dessa vez, para bem longe. Razão ficou doente, delirando. Entrou em coma e foi parar na UTI, com respiradores por ela, coração bradicárdico e prognóstico sombrio. Emoção, mais viva do que nunca, convenceu Vida a ensinar mais uma grande lição. Vida então manipulou um certo rapaz.. Emoção o conheceu, e o adorou. E, quanto mais a Vida e a Emoção se deixavam levar por ele, mais doente Razão ficava. Seu atestado de óbito estava quase pronto.. Foi quando sofreu uma parada cardíaca. Durante alguns minutos, numa tarde de sábado, Razão literalmente morreu. Mas Vida então entendeu que a Emoção era uma amiga falsa, traiçoeira. E decidiu doar-se novamente à Razão. Foi para a UTI e a reanimou insistentemente. Mônica apenas chorava. Traída pela emoção, e torcendo mais do que nunca pela sobrevida de Razão.
Felizmente, após um choque do bendito desfibrilador Auto-estima, conectado ao "orgulho-próprio", Razão voltou a vida. Forte, exuberante.. Mas carregando no peito as cicatrizes.. e na pele, as marcas que a louca da Emoção a fez. Vida quase se perdera por má influência da Emoção. Assim, check-ups sempre eram necessários. E adivinhem só quem virou médica? A vida. E, para tratar a Razão, a medicava com doses e doses de Sentimento, Loucura, e Surpresa.. Ah, Vida também suspendeu algumas doses de Bom-senso. E Razão então foi controlada. Emoção ainda aparece de vez em quando... Insiste em visitar Mônica, e mais uma vez tentar manipular-lhe a Vida. Mas Vida já foi enganada tantas e tantas vezes.. que prefere permanecer com a Razão, ainda que com suas sequelas. Emoção segue viajante.. A cada viagem, Mônica ainda se sente balançada. Emoção foi sua primeira grande amiga.. No coração, Mônica ainda guarda um grande carinho por ela. As lembranças dos anos de amizade não se apagaram, mesmo com todos os machucados que Emoção lhe fez. E, quando por um minuto, Razão decide se ausentar.. Vida vem calmamente, mostrando que nem sempre valhe a pena arriscar. Então, Mônica fecha a porta e deixa Emoção bater, bater, bater até se cansar. Por mais doloroso que seja, Mônica manda Emoção viajar. Vida finalmente conseguiu ensinar-lhe a grande lição. Emoção pode até um dia voltar. Mas nunca se Razão estiver ausente. Vida é uma grande professora. Ensinou a Mônica o que sozinha ela nunca ia aprender. Emoção apenas, ou apenas Razão, são bombas-relógio prontas para explodir. Emoção explode em pedacinhos, com muito fogo.. E maldito fogo esse, que só se apaga com lágrimas. Já Razão explode aos pouquinhos. Quase que de maneira imperceptível. Quando se nota, não tem mais volta.. Vida, o anjo da guarda de Mônica, não é imortal.. E quem sabe já tenha conseguido ensinar Mônica a equilibrar-se na corda bamba. Talvez não. Isso, só o Senhor Tempo poderá dizer. Mas isso já é outra história...

3 comentários:

  1. Textos grandes não foram feitos para blogar, disse-me uma amiga. Tanto que este ninguém comentou, não pela falta de qualidade do texto e do conteúdo, mas pelo tamanho. rs
    Apesar de ser um pouco "óbvio" certas coisas não devem deixar de serem lidas nem refletidas.Na minha opinião não há necessariamente um conflito entre a razão e a emoção. Creio que cada uma deve ficar na SUA PRAIA. O cientista não deve fazer um cáculo com base na emoção nem um beijo ser dado com base na razão. rs Agora a razão pode servir para pessoa tentar ENTENDER o que a emoção (por razões lógicas) não explica. POrque as vezes a tal senhora emoção está tão intensa que realmente elimina não só nossa razão como o próprio discernimento do que é REAL. Se as pessoas fossem capazes de se envolver e assumir os RISCOS de um envolvimento talvez boa parte da choradeira de fim de namoro acabasse.
    Well... nas coisas do coração AINDA prefiro a emoção. Deixo a razão para cirurgias cardiecas. rs

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  2. hehehehhee..
    Sim.. Na verdade, esse não foi bem um texto p/ ser lido e comentado... Ou melhor, não esperava que alguém tivesse a curiosidade de lê-lo, muito menos até o final. Era mais um desabafo.. algo que eu precisava colocar pra fora. Sabe como é, né? ;)
    Eu não sei de que lado da maré eu fico.. Quanto mais a emoção me encanta, mais as experiências da vida me levam a querer a emoção.. rs.

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  3. "Como jóia de ouro em focinho de porca, assim é a mulher formosa que se aparta da razão." (Prov 11:22)

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