sábado, 5 de dezembro de 2009

Amor em ciclo de lua..




Lua Crescente

Foi naquele dia, quando você se recusou a sentar ao meu lado, que eu comecei a te observar melhor. O que tinha naquele sorriso tão provocador e ao mesmo tempo irônico, misterioso..? Mesmo recusando o meu convite, não parava de me olhar, a não ser quando os meus olhos flagravam os seus, e você rapidamente desviava o seu olhar..
E naqueles dias, sim, nas férias de verão.. Eu via você, no meio de tanta gente, olhar pra mim. E ainda assim, você recusava o meu convite para dançar. Mesmo sem entender completamente o porquê disso, sentia que a sua boca contradizia o seu olhar. No futuro, descobriria, que era apenas o seu jeito estranho de me provocar.
Uma noite, talvez uma das últimas daquelas férias, você perdeu a sua pulseira.. Propositalmente, ou não, deixou-a cair, bem próximo à minha barraca.. E eu a encontrei. Mas, quando voltei para te devolver, estavas num longo abraço com outro alguém. E eu, silenciosamente, deixei com que ela deslizasse pela minha mão, até a grama macia, em frente a sua barraca, e fui embora, decidindo nunca mais te procurar.
Mas aquilo era mais forte do que eu. Surpreendentemente, você ouviu a puseira no chão tocar, e num misto de susto e desespero, correu atrás de mim para se desculpar. E eu, ainda em silêncio, ouvi a primeira de tantas desculpas que você tinha para me contar. Começamos então a conversar, e nas entrelinhas, nas brincadeirinhas, flertar.
E assim, a sua lua foi crescendo o brilho do meu olhar.

Lua Cheia
Após um bom tempo de longas madrugadas conversando, virando dias e noites, percebi que nada mais restava de mim, onde não houvesse um pouco de ti. E sentia que era recíproco. Nunca estivéramos tão apaixonados, envolvidos num louco romance, ardente, fascinante...
Estar ao seu lado era a única coisa que me importava. Beijar você como se cada beijo fosse o último, com medo de que um dia fosse mesmo.. Te olhar dormir, mansamente, e te abraçar por trás, repousando sobre a sua paz, as minhas inseguranças. Foram as conchinhas mais gostosas que eu já encontrei.
Nunca tantas cartas foram escritas por nós. Nunca tantas fotos românticas, a minha máquinha tirou. Todos ao nosso lado, observavam invejosamente o nosso amor. Limpo, branco e brilhante, rasgando a escuridão dos nossos passados... Eram eles como estrelas fracas, ofuscadas pelo nosso brilho..
Os planetas, os cometas, e até o sol, se envergonhavam de sua insignificante luz, ao contemplar o tamanho da nossa.
Na Terra, casais se apaixonavam ao serem tocados na pele, pelos raios da nossa paixão. Era o fim de toda espera do meu coração.

Lua minguante
Mas, naquela noite, subi ao nosso quarto, e você já estava na cama, fingindo estar dormindo. Silenciosamente, deitei ao seu lado, e meus braços rodearam os seus.
Então, ao som rude da meia noite, eu senti frio, e quando abri os olhos, a conchinha já não estava feita. Você estava de costas, curtindo só, o seu lado da cama. Fechei os olhos, acreditando não ser nada mais que uma briguinha boba, e, esperando a manhã trazer de volta o calor dos seus abraços, e o fulgor das nossas aventuras, dormi novamente.


Lua nova
Ao amanhecer, o sol soltou a sua luz de maneira tão forte e fulgurante, soando como uma risada sarcástica e maliciosa, ao ver que eu e você estavamos em lua nova.
As estrelas outrora tão foscas e pálidas, se mostravam como diamantes reluzentes cravados no veludo azul-escuro, mais negro do que nunca, do céu.
Os planetas, os cometas e tudo mais que restava na galáxia, se uniam, e riam ao contemplar a nossa situação, agindo como teleguiados ao poder do amargo sol. Na terra, havia terror e sombras. Todo o brilho do sol, se convertera em grandes queimaduras, na pele daqueles pobres ex-apaixonados.
Queimava-lhes a alma, criando bolhas em seus já feridos corações, e ressecando as lágrimas dos olhos desidratados por tanto chorar.
A chuva, antes bela, maestra de uma sinfonia resumida a um simples gotejar, se mostra agora tempestade, e joga na terra, ao som de estrondosos trovões, raios tão fortes, quanto as dores de todos aqueles que como eu, decidiram ao amor se entregar.

Lua NOVAmente crescente..
Mas, como diz o velho ditado, não é o amor, e sim o tempo que cura todas as feridas. Os dias foram passando, e você surgiu novamente. Passou longe, e olhou apenas de relance o mesmo banco onde sabia que todos os dias eu me sentava. Eu estava lá, e vi quando seu olhar, no caminho do meu, voltou a se cruzar. Aos poucos, você foi se aproximando, encorajando-se pelo meu silêncio, ao meu lado, resolveu sentar. E eu ouvi então as desculpas mais bestas e incoerentes que jamais quis escutar. Mesmo assim, com tanta mágua no coração, resolvi te perdoar, querendo acreditar, ser sincero o teu falar. E assim, a nossa lua voltou a crescer, e tudo se repetiu, repete, e repetirá, enquanto o universo da minha "ilusão esperançosa" durar.

4 comentários:

  1. Adorei o texto, estou deixando esse comentário para agradecer sua presença no meu blog. E para dizer que também estarei te seguindo!!!

    Obrigado!

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  2. Que lindo seu texto, gamei. Parabéns. Estou seguindo seu blog.
    Abraço.

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  3. Caramba, assim eu vou acabar me apaixonando u.u
    rsrsrs...

    Olha, leio seus textos semanalmente e gosto muito deles... Ja estou ansioso pelo próximo ^^

    Itekimasu

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  4. Humm Ganhou dois seguidores muito especiais srta. Anala e o caríssimo Tássio, dois bons escritores, Só falta a Lívia para completar o trio, trio que pode virar quarteto, e que quarteto.
    O que dizer dos texto. Estão cada vez melhores, mais bem elaborados, utilizando recursos metafóricos mais requintados e expressando os sentimentos de forma mais tocante. Acho que sentir as coisas no mundo real ajuda a produzir melhor a literatura. (eu que o diga rs)
    E sabe, no final das contas, quando a gente ama de VERDADE e luta para consertar as tolices que por maior que sejam,quase sempre há chance de uma nova lua crescente...nascer.

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