
E assim se faz o destino de uma pessoa. Escreve-se num grande livro tudo o que ela viverá. Todas as suas possibilidades, seu leque de escolhas, e o resultado de cada uma delas. E, quando enfim a história termina de ser escrita, nasce a criança. As escolhas continuam sendo dela, apesar de tudo já estar escrito. A cada decisão tomada, apagam-se os outros caminhos, e assim, ela a sua vida reescreve, escolhe o seu destino.
As vezes me pergunto se o livro que pra mim foi escrito era realmente só meu. Ou se juntaram os livros de várias pessoas e colocaram num volume só. Como cabem tantas almas dentro de mim? Sou tão dicotômica, tão antagônica.. mal termino de formar uma opinião, e já se formam tantos outros pensamentos contrários que ela se vai por água abaixo. Como conseguir viver normalmente nessa vida camaleoua?
Desde coisas simples como cores, minhas escolhas já contrastam entre sí. Verde, vermelho.. Quem estudou artes, sabe do que eu estou falando.. No jeito de vestir, do estilo "boyfriend" ao menina-romântica. Na decoração, o "Clean" do moderno me encanta.. tanto quanto o Glamour do Clássico-antigo.. Na profissão? Se não fosse médica, seria... Chef de cozinha, dona de uma floricultura.. Tudo a ver, né?
Isso sem falar no coração. Sou toda razão. Tirando o poço de emoção que existe dentro de mim. Tão moleca.. tão menina, tão mulher. Não dá pra entender? Tudo bem, as vezes nem eu me entendo completamente também... Tenho em mim o que há de melhor e pior dos dois mundos. Sou tese e a anti-tese. O procurador e o advogado. O réu e os jurados.. Sou a chave e as algemas.. e nessa incrível prisão, me sinto em liberdade de ser e viver tudo o que quiser.. E se quiser, por que não viver tudo junto, ao mesmo tempo?
E nessa vida ambígua, sigo lutando contra a hipócrita que tantos me afirmam ser. Só quem vive no meio da balança, pode entender o quanto é difícil equilibrar os dois lados, tendo a todos os momentos, chuvas de cargas pra balancear.. Carrego o infinito dentro do peito, um universo que não tem como partir no meio. Um volume único, puro e verdadeiro, que só será perfeitamente entendido, quando, enfim, for lido por inteiro.