quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Janelas..



Quando nascemos, nosso coração é como uma planície. Lisa, revestida de uma relva verdinha, macia. Então, começamos a crescer, e na nossa relva, crescem flores. Tulipas, margaridas, gérberas.. E exalam o seu perfume durante os anos alegres que se seguem. Cada novidade descoberta, traz um sorriso, planta uma flor. E assim, construimos um belo jardim. Mas, a inocência juvenil começa a ser destruída pelos acontecimentos da vida. As decepções começam a acontecer, e descobrimos que o mundo não era aquilo que pensavamos. E cada vez que isso acontece, uma flor é arrancada, e no lugar, se coloca uma pedra. Essa pedra mata a relva, e impede que novas flores voltem a nascer. Com o tempo, a nossa relva se enche de pedras, que vão se sobrepondo uma a uma, até formar um castelo. E nesse castelo, estão presos a esperança, a espontaneidade, a liberdade e a vontade de viver.
De repente, decidimos abrir uma janela.. Então, passa alguém e nos oferece uma semente. Decidimos aceitar. Compramos um vasinho, enchemos te terra, colocamos adubo, e plantamos a sementinha lá no meio. Nos dedicamos todos os dias, colocando água suficiente para que ela possa crescer. Investimos tempo, nos apegamos à ela. Torcemos para que ela consiga nascer, e seja uma bela flor. Com o passar dos dias, surge uma folhinha. Sorrimos bobos de felicidade. Mas, com as semanas, aquela plantinha linda, que cuidamos com todo o carinho cresce, e nela crescem espinhos, grandes e afiados espinhos. Começam a invadir o castelo e nos sufocar contra as paredes. Nessas horas, eu me pergunto: Por que eu abri a janela? Por que aceitei cuidar daquela semente?
Quando abrimos uma brecha, por menor que seja, damos aos outros a capacidade de nos surpreender, para o bem, ou para o mal. Infelizmente, muitas vezes é para o mal. Alguns de nós, consegue cortar a planta crescida fora. Não é fácil, pois a raiz se aprofunda quanto mais o tempo passa. Então, vamos lá onde o castelo se quebrou, e calmamente reconstruímos, tijolo por tijolo. Parte de nós, constrói outra janela, talvez no mesmo lugar onde aquela outra se quebrou. Outros, fecham o buraco com um tijolo muito mais resistente.
Eu ainda estou no segundo grupo de pessoas. E quanto mais o tempo passa, quanto mais "janelas" eu resolvo construir, mais plantinhas malvadas me fazem ter a certeza de que eu não deveria ter aberto nenhuma janela.
Mas, meu coração é bobo.. E no fundo, adora construir janelas. Por mais quebrado que ele seja, sempre acredita que uma hora, a semente certa vai aparecer, e vai brotar, e ser a flor mais bela de todos os tempos. Mas cada vez que isso acontece, as janelas construídas vão diminuindo de tamanho.
Como sempre me diz um grande amigo meu, todos somos seres humanos. Nos decepcionamos e um dia decepcionaremos alguém. Eu busco cada vez mais a perfeição, e não acredito que isso seja errado. Quanto mais alto sonhamos, mais alto conseguimos chegar. Ainda que eu nunca consiga chegar aonde quero, pelo menos terei a consiência limpa de que fiz o meu melhor.
Queridos amigos. Se algum dia eu decepcionei vocês, meu sincero pedido de desculpa. Nunca foi minha intenção. Não prometo que não acontecerá novamente, mas dou a minha palavra de que tentarei com todas as minhas forças para que isso não aconteça. E se algum dia me decepcionarem.. que não tenha sido de propósito. Ainda não sou "nobre de espírito" o suficiente para reconstruir uma janela que foi quebrada.

4 comentários:

  1. Primeira questão, tem muita gente que finge que abre as janelas quando na verdade deixa apenas frestas abertas e lá no fundo espera o primeiro momento para fecha-la com toda força, as vezes decepando a mão que entrou...

    De outro, a vida é assim, coisas e pessoas REALMENTE muito boas são raras, portanto, tem que se tentar, errar, tentar de novo até acertar...ou ao menos aprender.
    beijos

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  2. Tem que te coragem para abir as janelas miga e esperteza para saber valorizar quem você encontrar no caminho. Já vi muita garota se guardar tanto e dá para o primeiro canalha esperto que pinta. Ou pior, ver garotas sendo maltratadas e depois do cara ficar bonzinho e amoroso ela trocá-lo pelo primeiro canalha neófito que aparece, depois de ser chutada por ele, tentar voltar arrependida.
    Enfim, fique esperta e nao perca as grandes chances,valorize quem te valoriza isso já é um princípío muito bom.

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  3. A Princesa Oriental – Parte II
    Portas, cadeados e janelas.

    A princesa morava em um grandioso castelo, que emergia e repousava ao lado de um límpido riacho, de águas calmas e curvas adornadas por graciosas cerejeiras. Na primavera, o rosa das pétalas de sakurá contrastava e se confundia com o esplendor das verdejantes planícies e com o marrom das perdidas montanhas ao horizonte. Seus pavimentos eram delimitados por habilidosos caimentos de um telhado acinzentado, suas paredes brancas e sua graciosa governante inspiravam serenidade e a imponência de tal obra virou o símbolo de um reino que infundia segurança aos seus súditos.
    Mas seu triunfo também era seu castigo, pois no refúgio de sua inexpugnável fortaleza ela se sentia inatingível, ali ela não seria machucada e toda dor outrora sentida nunca mais se repetiria. Sua vivacidade havia sumido, seus sonhos se esvaído, seu reino sentia sua reclusão, mas sua mente não mais queria se desiludir. Por que sair de lá e voltar a uma terra árida repleta de traições e mentiras? Por que reabrir as portas, cadeados e janelas de sua cidadela a uma multidão de pessoas ardilosas e traiçoeiras? Por que não apenas apreciar o doce aroma de uma rosa silvestre ao invés de poder ferir-se com seus espinhos ao tentar colhê-la?
    Do alto de sua torre, em um olhar fixo e vazio, ela observava e buscava dia após dia por uma prova de que sim, a felicidade existe, e de que sim novamente, o preço a ser pago pela sua procura vale cada lágrima a se perder. Entretanto, até hoje, a triste princesa continua a olhar e apenas olhar...

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  4. Ou seja, a princesa era uma menina chorona, fraca e tola que ficou amarrada e presa por alguma tolice da infância e agora não aguenta mais nada. Vai ficar pra titia ou casar com o principe da persia porque o papai mandou.

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