sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O homem perfeito.



Quando era adolescente, costumava imaginar quem e como seria o meu príncipe encantado. Imaginava uma beleza tipo a do Tom Cruise. Um corpo estrutural. Costas largas, músculos definidos na medida certa, sem exageros. A pele branquinha, os cabelos lisos, os olhos escuros. A sobrancelha grossa, mas não única. O maxilar destacado, e covinhas nas bochechas, acompanhadas de um mega sorriso branco e simétrico na boca. seria médico, assim como eu. Inteligente, charmoso, ambicioso sem exageros, generoso, atencioso, criativo..
Teria o beijo mais gostoso do mundo, e entenderia cada detalhe meu. Adivinharia as palavras antes que elas saíssem da minha boca. Conquistaria a minha família, os meus amigos e a minha confiança. Ganharíamos juntos muito dinheiro, compraríamos o audi tt, teríamos um labrador marrom chamado toddy, e um beagle chamado puff.
Planejariamos juntos os mínimos detalhes de nossa vida, incluindo o nosso casamento. Mas no dia, ele me faria grandes surpresas e eu, me derreteria em lágrimas de doce felicidade.
Mas, o tempo vai passando, e os nossos conceitos de perfeição vão mudando. Vamos aprendendo a dar mais valor no caráter, do que no físico. Não que este seja futil. Como diz um velho amigo meu, os feios que me desculpem, mas a beleza é fundamental.
O caso é que ele não precisa ser o mister universe. Basta ser bonito aos meus olhos.
Não precisa ter músculos definidos. Precisa ter bem definido o seu caráter, seus prinípios e sua motivação.
Não precisa ter o melhor beijo do mundo. Se houver amor verdadeiro, todos os beijos serão os melhores do mundo. Não precisa ser médico. Precisa apenas gostar de cuidar de mim, aguentando os meus plantões, e sobreavisos.
O sorriso não precisa mais ser acompanhado de covinhas. Se for sincero, já está de bom tamanho. Não precisa conquistar só a minha família. Se for capaz de conquistar o meu maluco coração, o resto, é moleza. Não precisa planejar todos os detalhes de nossas vidas.. mas deve ter paciência e determinação para em alguns momentos, deixar rolar e ver o que acontece. Deve ser forte, mas não necessariamente de corpo. De mente, para aguentar as crises. Ainda precisa ser criativo, para não cairmos na rotina.
Mas o principal. Precisa ter defeitos.
Um ser perfeito ao meu lado me mostraria mesmo sem querer quão imperfeita sou, e desmerecedora de tal "conquista". Afinal, a construção de um relacionamento não está nas qualidades que o outro tem. mas na nossa capacidade de suportar os defeitos que o outro trás, e não consegue mudar.

2 comentários:

  1. Um dia você vai descobrir, ou não, que o homem perfeito é qualquer um que um dia conquiste e saiba merecer seu coração. Simples assim.
    Tudo que é ideal, por mais real que seja, acaba estragando ou podendo minar as dádivas verdadeiras que brotam em nossas vidas.
    Mas ao te ler tive um breve sorriso.

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  2. Parte III
    Falso aparente.
    Com transpor das noites e o vagar dos astros, nas idas e vindas do inverno, o tempo se esvaia sem hesitar, e a frustração de uma princesa que em ninguém centrava o olhar, se tornava a fraqueza de um reino que o trono deveria ocupar.
    Os grilhões de seu legado lhe impeliam à lógica para definir suas condutas e permear suas convicções; seus sentimentos nunca puderam errar e sua busca pela superação, pelo belo, o forte, o certo, enfim, pelo perfeito, lhe confortava quando a incerteza prevalecia. Desse modo, seria possível aplicar o mesmo princípio para as pessoas, poderia alguém estar passível a aglutinar unicamente virtudes, descartando todos os vícios? Poderia o belo ser sábio, o imponente ser humilde, o esperto ser honesto, o rico ser bondoso?
    Desde criança ela ouvia contos de fadas e idealizava seu futuro ao lado de um marido virtuoso, de filhos amorosos e de um reino próspero. Seu príncipe encantado seria alto, atlético, inteligente, generoso, amável, compreensível, divertido e criativo, conseguiria ler sua mente com um único olhar e acalentar seu coração com um singelo sorriso. Seu abraço seria chuva e seu beijo, sublimação.
    Contudo, tal mítica criatura poderia sangrar? Ou ainda, estaria a lógica apta a definir os parâmetros restritos ao âmbito emocional, ou os impulsos passionais sujeitos ao encarceramento pela razão, ou o amor definido pela singela idolatria do físico e dos valores superficiais?
    Saberia ela, portanto, determinar o que busca?

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