Silêncio II - Meus pensamentos..

Estou parada, no meio do nada.

Um nada escuro, obscuro, que nada, de nada se vê.

Já não sei ao certo quem sou, o que faço, ou o que devo fazer.

De um tempo para cá, meu eu se baseava em você.

E de repente eu já não O era mais.

O teu silêncio me aperta o peito.

Teu desdenho, meu coração destrói.

Como pode você dormir a noite, fingindo estar tudo bem, sabendo que no fundo, em algum lugar do mundo, alguém sofre e chora sozinho, só por querer teu bem?

Como pode se sentir inocente, se culpado foste de atordoar meu quieto coração?
Ainda que sem querer, fizeste com que isso acontecesse.

E eu sei que você queria.

Dos meus olhos caem lágrimas ardentes de dor, ao tentar contemplar o céu como tantas vezes me ensinaste.
Mas hoje no meu céu não há estrelas, e a lua hesita em aparecer. Por mais força que eu tente fazer, tudo o que vejo são nuvens. Nuvens fechadas, escuras, mostrando que uma tempestade muito em breve se fará.
E o que me domina a mente é a incerteza se teus braços que de tantos perigos me protegeram, estarão a minha volta, aquecendo meu corpo molhado e frio quando eu realmente precisar.
Se tuas mãos que tantas lágrimas enxugaram, estarão para enxugar os pingos de chuva que no meu rosto escorrerão.
Afinal, só você tem o poder de transformar tempestades em doces banhos de chuva. Só você faz dos relâmpagos, um show de iluminação a parte, e dos trovões, gritos da terra, invejando o nosso amor.
Amor esse outrora certo, que hoje no seu silêncio, insiste em se esconder.
Não consigo mais ver em ti, o que antes havia de mim.
Quem sabe por haver um novo alguém, e quem sabe nem tão inédito, ocupando o lugar que um dia, acreditei ser eternamente meu.
Mas se assim for, por que me cozinhas em banho maria? Por que não usas a coragem que tantas vezes me demonstraste para dizer como homem, olhando fixo nos meus olhos, que nada mais do que teremos será igual ao que tínhamos porque você já não o quer?
Sei que pela tua vontade, jamais me machucarias. Mas saiba de uma coisa, amado meu.. É preferível se viver uma amarga verdade, do que uma doce ilusão.
E se ainda resta em ti, um pouco do respeito que antes eu tinha por completo, diz de uma vez por todas em qual das tuas verdades devo acreditar. Se devo aceitar as antigas promessas que no passado me disseste, ou se no vazio dos teus olhos hoje, devo me contentar. Porque se não sabes, vou te dizer. Teu silêncio é mais amedontrador do que as tuas palavras sinceras poderão um dia ser. E se tu te sentes perdido, meu eu se perdeu em você.