domingo, 10 de janeiro de 2010

E por falar em saudade..



Passei esse fds no sítio da minha bisavó.. Um endereço um tanto acolhedor. Longe da cidade, entre dois cemitérios, na rua do presídio. Ou melhor, do lado, muro com muro, do presídio.
É uma realidade bem diferente da que eu estou acostumada a viver. Dormir ouvindo o cantar de grilos, e ser "protegida" não por cerca-elétrica, mas por guardas em cima do muro. Alguns milhares de tijolos dividindo a liberdade, da prisão.
Do lado de cá, na "liberdade", resolvi me prender do lado de fora do mundo.
Nesses 3 dias, me abstive de meios de comunicação. Celular, telefone fixo, internet.. Curti minha família, minha cadela, e outros animais do sítio.. Relembrei como é ser feliz sem tecnologia. Tomei banho de mangueira no quintal, rolei na grama.. dancei ao som de "o bife". Ouvi histórias sobre a chegada da televisão, do telefone celular, do computador. Dá época que o fusca era um carrão. Entendi a diferença entre lampião, lamparina e aladim. Ouvi dos namoros de porta, casamentos arrumados, e muita prosa, trocada nas praças.
Hoje, em tempos modernos, as televisões são quase obras de arte, de tão requintadas. Os computadores, cada vez mais leves, rápidos, eficientes. A internet, juntando e separando tudo e todos, ao mesmo tempo. E celular? Até mendigo tem. Mas os amores daquela época... ahh..
Os amores sonhadores, secretos.. Amores inocentes, respeitadores.. Amores românticos.. do tipo que ainda manda flores.. (se alguém lembrar da música, fez parte desse tempo.. rs).
Às vezes não nos damos conta de que vivendo a tão sonhada e conquistada "liberdade" do século 21, nos tornamos cada vez mais escravos.. Do trabalho, do relógio, dos outros. Até nos relacionamentos, onde um é o escravo (geralmente quem mais ama), e o outro manda (o que ama um pouquinho menos). E como tememos ficar no primeiro grupo. Será que depois de tantos impossíveis alcançados no mundo da tecnologia, o amor verdadeiro se "impossibilizou"? Será que ele se escondeu no interior das caixas mágicas, nas novelas e historinhas infantis?
Mas se a história da fenix se faz verdade na economia, tomara que se faça também nos corações. Torço baixinho, aqui no meu blog, para que o amor possa renascer das cinzas em que o tempo o transformou. E tomara que não demore muito, para que eu ainda tenha tempo de viver um desses por aí.
Besta? Sonhadora utópica? Talvez.
"Apesar de todo progresso, conceitos e padrões atuais
Sou do tipo que na verdade sofre por amor e ainda chora de saudade".
E que atire a primeira pedra quem lá no fundo, não quer a mesma coisa que eu. Podem até se orgulhar da lista interminável de ficantes que a liberdade dos relacionamentos de hoje nos traz.. Mas quando a noite cai, e a cabeça se reclina ao travesseiro, a consciência e o coração gritam em unanimidade a única vontade: Amar, amar, e amar..

Ps: A música chama Amante à moda antiga, de Roberto Carlos. Vale a pena escutar!

3 comentários:

  1. Tempos Modernos
    O que a modernidade nos trouxe? Inanimação! Sim senhores, nos tornamos objetos, símbolos da produtividade exacerbada, e que figura melhor para retratar nossa calamitosa realidade que não a bunda? E ah, a bunda! Quase deixamos de existir sem essa imagem em nossas mentes. Quase como se esse país vivesse num “Bunda e Progresso”, ou, quem sabe, num “Ordem na Bunda”.
    Impera a cultura da superficialidade, do ficar, do estético, da academia, da virtualização. Aonde estariam os bancos de praça, o escurinho do cinema, o arranjo entre famílias, o olhar antes do beijar? Aparentemente raros são os alienígenas que optam pela auto-marginalização, que não entram na onda, não morrem em dietas loucas, nem malham até cuspir os pulmões, nem se enchem de drogas, colocam silicone no olho, etc...
    De certa forma é triste olhar para certas mulheres “açougue”, aquelas que tem carne para alimentar um exército de bocas famintas, onde a fartura impera, onde nosso mais juvenil vigor se esvai dentro de um banheiro frio e solitário. De certa forma é como se a bunda tivesse vida, andasse e falasse com autonomia. Quem sabe soltando algumas pérolas para ajudar sua “companheira”: “Dêem atenção a ela, ela também é legal!”. A mulher objeto que busca sucesso sendo um objeto, afinal, na “balada”, no escuro, bêbado, em meio a 500 pessoas, e com uma música rasgando o tímpano, não dá para querer conhecer a moça.
    Os homens, são a imagem da virilidade, da transa inesquecível, do gozo eterno, do procriador. Esses mais sonham em se tornar um pênis gigante que come 20 e guarda 30 para amanhã. Sim, o pegador! Respeito, glória e fama dentro de um grupo de moleques fanáticos por futebol e bunda! Fugir a isso é ser careta, broto.
    É, enfim, viva ao progresso, à liberdade, à curtição, mais um carnaval chegando e quilos de bunda também. Mais um ano e esqueçamos os problemas e permitamos que os pênis gigantes nos dominem e as bundas falantes continuem a rebolar na Sapucaí.

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  2. Li todo o texto e gostei muito. Também estou a procura de um amor assim. Quem sabe um dia a gente não acaba se conhecendo ^^

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  3. A "modernidade" simplesmente afastou as pessoas das melhores coisas da vida e as ligou numa luta insensata por coisas que efetivamente não precisamos e nos deixou sós.

    Agora amore seria bom você também EFETIVAMENTE abrir seu coração com MENOS medo.
    smack
    Amei esse texto.

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