sábado, 23 de janeiro de 2010



O papel já está gasto de tanto apagar. O lápis já quase sem grafite, insiste em rabiscar. Rápido, corre da borracha, que não tema em trabalhar. E mais uma vez, o coração continua quase em branco.
Tantas desculpas ensaiadas, tantos diálogos formulados e treinados sempre no pensamento em frente ao espelho, como se eu pudesse desabafar e enfim dizer à você tudo o que está preso aqui dentro.. Mas a boca nada consegue expressar. Os lábios tremem mas nenhum som é ouvido.
A mente está livre, mas o coração continua preso. Lágrimas, ah.. as velhas lágrimas. Companheiras de longa data.. Nem elas apareceram para me consolar. Foi assim que eu entendi que as lágrimas mais sentidas, aquelas mais doloridas, não são as que escorrem pelo rosto, e sim, aquelas que deslizam devagar, silenciosas no interior da alma. Tempestade de pensamentos atordoam a quietude que insisto em tentar reformular. Só não encontro fórmula poderosa o suficiente para solucionar os problemas que você um dia me causou. Já usei tantas borrachas na tentativa de te apagar.. mas sempre fica uma mancha escura. As letras do teu nome, ainda que sem cor, permanecem como marcas profundas, escritas bem no centro, do meu coração. E parece que quanto mais forte eu aperto a borracha, mais profunda fica a marca. Às vezes tento me enganar, me iludir, acreditar que já recuperei o branco puro, mas hoje percebi que é tudo perda de tempo. Nenhuma borracha que eu use conseguirá te apagar. Nem outros lápis, muito menos algum pincél. Preciso mesmo, é de um coração mais duro, já que o meu é um simples, fino, amassado, molhado e quase apagado, coração papel.


Sk, em alguns muitos meses atrás.

2 comentários:

  1. Ai q lindo sassa :/
    me identifikei horrores!!
    beijos linda..

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  2. Não adianta apagar, fotos, poemas, jogar fora as cartas, deletar os amigos comuns rs. Enfim, nada adianta quando esse alguém está inscrustado dentro de nossa alma.
    Então, a solução talvez seja aprender a conviver com a dor, com a saudade mas com a certeza que há histórias que fatalmente chegam ao fim.
    Sabe, vamos agora chorar pelos amores efetivamente vividos...não apenas os imaginados.
    Lindo texto, estamos no mesmo barco.

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